sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Obsessões Carnavalescas








“Atrás do trio elétrico também vai quem já “morreu”..."
Revista Visão Espírita-março de 2000


Poucos sabem que a palavra Carnaval é, na verdade, uma abreviatura da frase: “a carne nada vale”.
Em contrapartida grande parte dos brasileiros acredita que participar das festividades carnavalescas em nada atrapalha sua organização psico-físico-espiritual.

Algo como mudar totalmente o padrão vibracional, adentrando por quatro dias e cinco noites num maremoto energético de baixo teor e dizer que isso não desarmoniza ninguém, ao contrário, “desestressa”.
Será mesmo só esse o resultado do envolvimento em tal festividade? “Desestressamento”?
Estudiosos da psicologia realizaram um trabalho de pesquisa interessante sobre o tema, trazendo-nos alguns dados que já nos suscitam importantes reflexões.

Vou transcrever parte da matéria que saiu no Jornal Correio Brasiliense, onde constam tais informações: “(...) de cada dez casais que caem juntos na folia, sete terminam a noite brigados (cenas de ciúme, intrigas, etc.); que, desses mesmos dez casais, posteriormente, três se transformam em adultério; que de cada dez pessoas (homens e mulheres) no carnaval, pelo menos sete se submetem a coisas que abominam no seu dia-a-dia, como o álcool e outras drogas (...). Concluíram que tudo isto decorre do êxtase atingido na grande festa, quando o símbolo da liberdade, da igualdade, mas também da orgia e da depravação, estimulado pelo álcool leva as pessoas a se comportarem fora de seus padrões normais (...)”.

A maioria dos foliões da atualidade segue os carros alegóricos sem nenhuma noção do que lhes envolve naqueles momentos.

Sequer suspeitam onde ou porque surgiu tal ‘festividade’ - estão ali simplesmente para permitirem o enlouquecimento momentâneo, sem pensar em mais nada a não ser no prazer dos sentidos.

Porém, os resultados são evidentes, como pudemos contatar nesta matéria alusiva sobre o tema.

Quanto às suas origens, podemos dizer que as tataravós do carnaval são a bacanália, da Grécia - quando era homenageado o deus Dionísio - e a saturnália – festa romana onde se imolava uma vítima humana, previamente escolhida. Depois, já na Idade Média, aceitava-se a tese de que “Uma vez por ano é lícito enlouquecer”, o que tomou corpo, modernamente, no carnaval de nossos dias.

Claro que muitos dançam e se sacodem freneticamente entre sorrisos largos, sem nenhuma intenção menos digna: desejam somente a “alegria”.

Porém, mesmo que a intenção seja apenas a de se ficar contente, será que o discípulo de momo, ao meio de tantos desvarios, em nada se prejudica?
Tudo seria tranqüilo, se junto de tais pessoas estivessem tantas outras numa mesma sintonia, munidos da mesma vontade de confraternização, sorrisos e danças conjuntas; sem maldade, sem deixarem seus instintos reptilianos tão aflorados.

Porém, a realidade não é essa. As conclusões apresentadas pelos psicólogos brasilienses já nos dão certa base para um pensar mais aclarado sobre o assunto.

Soma-se a tais dados outra importantíssima informação que ainda não é levada em conta tanto pelos profissionais comuns da psique quanto pelos amantes carnavalescos: no período que compreende a sexta feira de carnaval até o amanhecer da quarta feira de cinzas, verdadeiras falanges das esferas inferiores invadem a crosta terrestre - atraídas pelo padrão reinantes - acompanhando bem de perto tais foliões, incitando-os aos extremos, dando início a sérias obsessões que por vezes se arrastam sobremaneira, trazendo inúmeros prejuízos a tais pessoas.

No livro “Nas fronteiras da loucura”, do espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco, o venerando espírito, em suas ponderações, conclui que isso acontece tanto com aqueles que se afinizam com os seres perturbadores, adotando comportamento vicioso, quanto com criaturas cujas atitudes as identificam como pessoas respeitáveis, embora sujeitas às tentações que os prazeres mundanos representam, por também acreditarem que seja lícito enlouquecer uma vez por ano.

O processo obsessivo ocorre ainda durante o sono, quando em estado de desdobramento (momento em que o corpo descansa e o espírito sai em suas excursões) o folião visita as zonas de baixo teor vibracional, já em contato direto com tais entidades.

Conhecedores de tais realidades, os responsáveis pela revista Visão Espírita, fizeram pequeno trocadilho com a famosa frase composta por Caetano Veloso, no seu frevo carnavalesco que diz que “atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu”.

Os divulgadores do espiritismo refizeram o ditado.
Escreveram que na verdade “atrás do trio elétrico também vai quem já “morreu!”...”. Realmente.
Só faltou acrescentar: “(...) e eles são em grande número”.

2 comentários:

Leonardo Leão disse...

A pesquisa dos "psicólogos de Brasília" não apresenta uma conclusão lógica por conta apenas da estatística de separação de casais. Será que a relação é direta? Será que já não existiam outros fatores? Tenho pânico dessas pesquisas "cabais" sobre o carnaval. Em especial por quem não conhece e detesta carnaval, ou, ainda, quem conhece carnaval pelo carnaval Baiano, ou no que ele se transformou.

É preciso cuidado com afirmações categóricas: sempre existe o outro lado da história.

Brinco carnaval desde pequenino e é uma festa maravilhosa. Tem os maracatus, os blocos líricos, o frevo de rua, as fantasias, as brincadeiras, é maravilhoso, insisto.

Quanto às questões relativas ao baixo nível vibratório, é preciso ter a mesma cautela: no Recife brincam as famílias todas, desde o bebezinho até os mais idosos, nas ruas do centro da cidade entoando frevos de bloco fantásticos.

É claro que existem excessos! E nós precisamos estar atentos!

Não há atividade humana que não seja desvirutuada por pessoas de má índole.

Sem contar no crescente processo de individualismo exacerbado corrente em nossa sociedade. As pessoas, seguindo os passos do Iluminismo, se descobrem enquando individualidade única, findável na morte e buscam o caminho de Epicuro para o prazer.

Este é o problema. Este é o principal problema do carnaval baiano.

Não podemos generalizar e estabelecer condenações peremptórias a uma festa popular e bela como a que ocorre em nossa cidade, em decorrência de outros e outras atitudes. Por aqui abominamos o "estilo baiano" de fazer carnaval. Preferimos o tradicional carnaval de rua, com as famílias junt as na folia.

Claudia Gelernter disse...

Boa noite, Leonardo. Bem vindo ao blog Proseando!

Sim, tens razão - existem os que brincam de forma saudável, bem o sabemos. Ainda bem!

Porém são minoria no nosso país e os arrastamentos nesta fase do ano são grandes, visto que é época em que as falanges ligadas aos prazeres, aos vícios, nos visita, com maior força e insistência, devido a este número grandioso de desavisados.
Daí o alerta.
Nossa condição (quando falo 'nossa', digo pela maioria dos encarnados, na atualidade) ainda é precária e, mesmo em meio a boas intenções, sabemos que as investidas são mais intensas, podendo, caso o padrão não se mantenha em nivel favorável, prejudicar o folião, sobremaneira.

Sabemos, ainda, que é época de muito álcool, drogas e exageros de toda sorte ppor parte desta maioria. Portanto todos corremos riscos, inclusive físicos, seja no trânsito, nas festas ou em locais improváveis.
Como diria o escritor espírita Richard Simonetti, estamos num planeta de provas e expiações. É como se estivéssemos em um grande presídio universal. Nele ocorrem problemas, rebeliões, conflitos. Se aqui estamos,devido nossas inferioridades, podemos ser prejudicados pelo caminho. É preciso muita cautela.

Quanto à pesquisa, não posso afirmar nada além do que ela me informa, visto que nunca participei de nenhum estudo quantitativo dentro do referido tema. Talvez haja situação relacionada que promova ou ajude a promover a separação, porém, um simples olhar no assunto nos remete à possibilidade indiscutível desta situação. É bem possível que em bailes carnavalescos casais se separem. Basta o uso da razão para percebermos esta possibilidade.

Mas creio que podemos buscar novas pesquisas a respeito. É uma ótima idéia.

Obrigada por enriquecer o blog com seus comentários.
Boa noite!