Certa feita, Leonardo Boff teve a oportunidade de estar junto do Líder Espiritual Dalai Lama, em uma mesa redonda sobre religião e paz entre os povos.
Naquela oportunidade Leonardo, maliciosamente, mas também com uma curiosidade teológica
, decidiu fazer uma pergunta tendenciosa ao Dalai: - Santidade, qual a melhor religião? (Boff confessou que esperava
escutar dele que a melhor de todas as religiões seria o budismo tibetano).
Com um sorriso sincero, Dalai Lama respondeu que "A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus, do Infinito. É aquela que te faz melhor."
Com um sorriso sincero, Dalai Lama respondeu que "A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus, do Infinito. É aquela que te faz melhor."
Então, para sair da perplexidade diante
de tão sábia resposta, voltou a perguntar:
- "O que me faz melhor?"
- "O que me faz melhor?"
Respondeu ele: -"Aquilo que te faz mais compassivo". Foi então que Boff sentiu a ressonância tibetana,
budista, hinduísta, taoísta de sua resposta -
aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário,
mais responsável, mais ético...
A religião que conseguir fazer isso de ti é a
melhor religião, portanto.
Desta maneira, e até
por concordarmos com tal linha de pensamento, por sua coerência e amplitude, iniciamos este artigo dizendo o mesmo – que existem muitas maneiras de chegarmos até Deus, vivendo de forma plena.
Aliás, acreditamos que a
religião não seja o único caminho: Yoga,
filosofia e psicoterapia são algumas das possibilidades de alcançarmos relativo
equilíbrio diante dos desafios da existência, tornando-nos seres melhores. Isso
porque, estarmos próximos de Deus, não significa saber,
crer e difundir a ideia de Deus, mas essencialmente aprender a amar,
tornando-nos melhores.
Sendo Deus amor (como nos ensinam as diversas religiões), quando amamos estamos em consonância com o sagrado que a tudo permeia. E para isso não precisamos de livros especiais, atos devocionais ou ritualismo, mas principalmente uma alteração profunda e constante em nosso Ser, que nos impulsione a um viver mais ético, de acordo com o que acreditamos seja o mais justo e honesto.
Sendo Deus amor (como nos ensinam as diversas religiões), quando amamos estamos em consonância com o sagrado que a tudo permeia. E para isso não precisamos de livros especiais, atos devocionais ou ritualismo, mas principalmente uma alteração profunda e constante em nosso Ser, que nos impulsione a um viver mais ético, de acordo com o que acreditamos seja o mais justo e honesto.
Portanto, enquanto
Espíritas, podemos dizer sobre o possível caminho proposto por esta
religião, mas sem o fanatismo que enceguece. Estamos cientes de que qualquer
outra opção religiosa pode trazer amplos benefícios a seus seguidores, dede que seus ensinamentos sejam positivos, e que sejam vivenciados de forma congruente, através de
pensamentos, falas e ações.
1. Espiritismo: De onde veio, a que
veio e para onde vai?
Herculano Pires, em
seu livro “Introdução a Filosofia Espirita”, comenta que “Fala-se muito em Espiritismo, mas quase nada se sabe a seu respeito.
Kardec afirma, na introdução de "O Livro dos Espíritos," que a força
do Espiritismo não está nos fenômenos, como geralmente se pensa, mas na sua
"filosofia", o que vale dizer na sua mundividência, na sua concepção
da realidade.”
Ou seja, o que o
Espiritismo propõe não é um contato constante com o mundo espiritual, embora
este possa se realizar, com critério e discernimento, mas sim uma reflexão
profunda a partir da ideia da preexistência e sobrevivência da alma, da questão
da reencarnação e da evolução constante dos Espíritos. Só estes dados já
deveriam ser suficientes para nos retirar do nosso marasmo existencial,
impulsionando-nos a um movimento constante, em busca de melhoria interior e
exterior. Falamos aqui da transformação do mundo através da nossa própria
transformação, como já receitava Gandhi.
No mesmo livro continua explicando que “Os adversários do
Espiritismo desconhecem tudo a respeito (de Espiritismo) e fazem tremenda
confusão. Os próprios espíritas, por sua vez, na sua esmagadora maioria estão
na mesma situação. Por quê? E fácil explicar. Os adversários partem do
preconceito e agem por precipitação. Os espíritas em geral fazem o mesmo:
formularam uma ideia pessoal da Doutrina, um estereótipo mental a que se
apegaram. A maioria, dos dois lados, se esquece desta coisa importante: o
Espiritismo é uma doutrina que existe nos livros e precisa ser estudada.
Trata-se, pois, não de fazer sessões, provocar fenômenos, procurar médiuns, mas
de debruçar o pensamento sobre si mesmo, examinar a concepção espírita do mundo
e reajustar a ela a conduta através da moral espírita. ”
Desta forma,
entendemos que o Espiritismo não é uma doutrina que se pretende tratar somente sobre mediunidade,
romances psicografados ou médiuns estrela, mas sim uma doutrina que discute sobre nossa
ação no mundo, de como devemos interpretá-lo, estarmos e sermos nele.
Outro ponto
importante é sabermos como nasceu a Doutrina Espírita. Evoco o próprio filosofo
para responder esta questão, pois muitos pensam que ela apareceu pela primeira
vez com Allan Kardec, mas não. Herculano nos alerta que “O próprio Kardec nos diz o contrário. Os dados históricos nos revelam o
seguinte: o Espiritismo se formou lentamente através da observação e da
pesquisa científica dos fenômenos espíritas, hoje parapsicologicamente chamados
de fenômenos paranormais. Os estudos científicos começaram seis anos antes de
Kardec, nos Estados Unidos, com o famoso caso das irmãs Fox em Hydesville.
Quando Kardec iniciou as suas pesquisas na França, em 1845, já havia uma grande
bibliografia espírita, com a denominação de neo-espiritualista, nos Estados
Unidos e na Europa. Mas foi Kardec quem aprofundou e ordenou essas pesquisas,
levando-as às necessárias conseqüências filosóficas, morais e religiosas.”
É com Kardec que
entendemos a profundidade e amplitude da filosofia Espirita, com sua
reverberação religiosa. O Espiritismo nasce na ciência, com as experimentações
de contato com o mundo espiritual. Através da observação dos fenômenos
mediúnicos, chegamos `as conclusões filosóficas, com suas reflexões
particulares (e ao mesmo tempo universais, dada a confluência de suas ideias
com outras linhas de pensamento). Colocando tal filosofia em ação, convergimos,
por fim, em uma religiosidade positiva, capaz de nos elevar, nos conduzir aos
braços amorosos do Pai, num trajeto menos doloroso, mais inteligente, portanto.
Então, o Espiritismo
nasce com o firme propósito de nos tornar seres melhores. Mas, para onde será
que caminha o próprio Espiritismo?
Embora possamos
manter o desejo de que esta rica filosofia continue progredindo, como nos pedia
o próprio Kardec, mantendo seus axiomas, verdade é que, dependendo das
intepretações e práticas, sérios riscos se fazem presentes.
Esta questão é
delicada, e faz-nos revisitar a própria história do cristianismo.
Após a partida de
Jesus, o que ficou de seus reais ensinos, poucos séculos depois, não foi o
suficiente para conter a tendência perniciosa dos humanos, em geral. Passamos a
interpretar os escritos da Boa Nova com nossas lentes embaçadas, usando
pequenas frases dos textos como combustível para perseguições, exclusões,
marginalizações, manejos de poder, etc. Até hoje vemos diversas correntes
fanatizadas, com sua mentalidade cristalizada no ego narcisista, acreditando-se
verdadeiras, embora cheias de contradições.
E o Espiritismo,
embora filho do Iluminismo, do pensamento racional e progressista, não foge
deste perigo. Na atualidade, em nosso país, percebemos uma tendência igrejeira
(termo bastante utilizado pelo próprio Herculano); os núcleos espiritistas por
vezes elegem médiuns e alguns palestrantes como se fossem os oráculos sagrados,
centro de todo o saber, dada a possibilidade de contato com os Espíritos.
Esquecem-se de que, assim como nos explica Kardec, precisamos ter muita cautela
com todo material que nos chega através deste meio de comunicação, dada as
dificuldades existentes, tanto aqui como lá, seja no quesito influência do
médium nas comunicações, ou mesmo quanto a capacidade moral e intelectual do
Espirito comunicante. Ademais, esta adoração, esta mitificação de tais médiuns
torna-os aparentemente infalíveis, bloqueando nossa capacidade de uso do crivo
da razão.
Outro ponto
questionável diz respeito a adesão a práticas alheias ao próprio espiritismo
(nada contra estas, mas acabam por misturar conceitos, muita vez tendendo ao
místico, algo não condizente com a proposta da doutrina), ao ritualismo, com
uso de vestimentas específicas, cantos, determinadas cores, imagens, etc.
Citando apenas estes
pontos (deixando outros de lado, dada a extensão do tema) já podemos perceber
que sim, existem riscos quando analisamos e nos questionamos “para onde vai o Espiritismo”.
Cabe a nós, Espíritas,
o estudo constante de seus postulados. Ler Kardec, por Kardec. Estuda-lo,
refleti-lo, comentá-lo.
Ademais, existe outro ponto a ser destacado, antes de finalizarmos este trecho: Além de estudarmos
Kardec, precisamos contextualiza-lo em seu tempo, em sua cultura. Assim
compreenderemos melhor o ritmo proposto por ele e os Espíritos, desde o início
de seus estudos, até suas conclusões.
Kardec herda, na
revolucionária França, o pensamento crítico de seu tempo. Influenciado por
grandes pensadores, tais como Rousseau e Pestalozzi, não apenas dá corpo a uma
filosofia libertadora, mas indica que esta esteja sempre de acordo com o
pensamento crítico, lúcido, coerente. A razão deveria, então, caminhar junto com a fé.
Aliás, temos notícia
de que, por diversas vezes, Allan Kardec contestou as informações que os
Espíritos traziam, seja lá com qual nome assinassem as comunicações. Só aceitou
como possível verdade (e sempre deixando-as à mercê do pensamento científico) conceitos
que se repetiam em múltiplas comunicações, trazidas por médiuns diferentes (que
sequer se conheciam) e tão somente se tais informações tivessem corpo,
coerência e profundidade.
Percebamos, então,
que compreender o que é o Espiritismo, seus desdobramentos e o que ele pode representar em nossas
vidas não é algo tão simples quanto conversar com Espíritos ou frequentar uma
Casa Espirita.
2. Reverberações Da Doutrina
Espírita
Como comentamos, o
Espiritismo nasce da experimentação cientifica, com um método particular, porém
válido (o Espiritismo não conflita com qualquer uma das teorias científicas
maduras). Entretanto, o que fala alto em nossos corações e mentes são os
resultados destas descobertas: a filosofia que surge a partir do contato com os
Seres Invisíveis. Através desta, percebemos que almas existem, preexistem e
sobrevivem à morte do corpo físico. E são elas (além de Jesus e outros sábios
da antiguidade, nas mais diversas culturas, ao longo dos tempos) que nos
confirmam a realidade da reencarnação. Tal saber nos faz reconciliar com Deus.
É notório que sem tal explicação, jamais poderíamos aceitar e existência de um
sentido para a vida humana, tampouco a perfeição no Criador, ou Força Cósmica,
como a queiramos chamar. Não teríamos como explicar as variadas injustiças que
ocorrem no mundo, tampouco conseguiríamos aceitar ou mesmo compreender o
sentido didático da vida na Terra. Mas a Lei da Reencarnação não existe apenas
para nos reconciliar com Deus. Ela também nos esclarece o sentido evolutivo da
existência. São os Espíritos que explicam que tendemos ao progresso, sempre,
até conseguirmos chegar a uma perfeição relativa, quando gravitaremos em torno
do Criador (como comenta Paulo, no final do Livro dos Espíritos), co-criando
junto à Sua Sabedoria Infinita.
Além da reencarnação,
compreendemos que a vida possui uma inteligência suprema, tendendo sempre ao
bem, embora com suas vestimentas por vezes dolorosas. Por outro lado, a Grande
Lei Universal nos convoca ao exercício do Amor mais elevado, começando por nós
mesmos, inclinando-nos aos nossos companheiros de jornada, estendendo tal Amor
a todas as criaturas (incluindo animais, vegetais, etc.). Se já descobrimos a
necessidade de amarmos plenamente o Criador, tal tarefa torna-se impossível se
nos negarmos a amar suas criaturas.
E, de posse destas “ revelações
doutrinárias”, o que nos cabe realizar, cotidianamente?
Comecemos
comentando o que não deve ser feito, a fim de evitarmos confusões e dores
desnecessárias.
Por exemplo, os
remorsos que nascem daquilo que ainda não conseguimos alterar em nós deve ser o
primeiro a ser combatido em nosso psiquismo. Isso porque o remorso engessa o
Ser, confinando-o a um eterno pagamento de contas ilusório, porque pautado
apenas no sentimento de não merecimento. Acabamos por nos sabotar,
acreditando-nos não merecedores de felicidade ou paz.
Devemos, então,
integrar em nosso psiquismo as imperfeições que carregamos, deixando de
odiá-las , entendendo-as como parte de nosso processo evolutivo.
Quando não aceitamos
o que somos, muitas vezes negamos esta realidade, projetando em outros nossas
mazelas ou mesmo nos atacando, desnecessariamente. É preciso um aprofundamento,
no sentido de nos conhecermos mais amplamente, sem julgamentos descabidos para,
só então, conseguimos ir alterando aquilo que não nos cabe mais, a partir de
uma vivência congruente com a filosofia que ora abraçamos.
Lembremos que
Espiritismo, em sua essência (assim como ensinam outras religiões) é Amor. E
Amor é perdão, entendimento, busca, crescimento, respeito, mansuetude...
3. Viver em Congruência com a
Doutrina dos Espíritos.
Aqueles que leem o
Espiritismo com atenção e compromisso, logo percebem seu caráter progressista,
social e ético, para além das questões ligadas ao ego destacado do meio. Aliás,
não existe ego totalmente destacado do meio, o sabemos, embora o capitalismo
nos force a pensar o contrário.
Sendo assim, aquele
que pretende se dizer Espírita, precisará ir além do sistema no qual está
inserido, questionando-o, com frequência.
Jesus propôs um
socialismo cristão, pautado na não-violência e amplamente discutido por Leon de
Tolstói, em sua obra “O Reino de Deus Está Em Vós”. Outro escritor que traz
esta reflexão é o próprio Herculano Pires, em seu fabuloso livro “ O Reino”.
Aliás, este conceito
foi vivenciado por Gandhi, na Índia (O líder hindu foi bastante influenciado
pelo pensamento de Tolstói, tendo mantido contato com ele, através de
correspondências, até a morte do escritor russo).
Por outro lado, e
ainda falando sobre não-violência, assim como escreveu a jornalista Eliane
Brum, em seu artigo a respeito da escravidão animal, já não podemos mais fazer
de conta que não sabemos das coisas. Em ótimo (e urgente) texto, a repórter e
comentarista do jornal El Pais e da Revista Época, afirma que “O tempo das ilusões acabou. Nenhum ato do
nosso cotidiano é inocente. Ao pedir um café e um pão com manteiga na padaria,
nos implicamos numa cadeia de horrores causados a animais e a humanos
envolvidos na produção. Cada ato banal implica uma escolha ética – e também uma
escolha política. Comemos, vestimos, nos entretemos, transportamos e nos
transportamos à custa da escravidão, da tortura e do sacrifício de outras
espécies e também dos mais frágeis da nossa própria espécie. Somos o que de
pior aconteceu ao planeta e a todos que o habitam. A mudança climática já
anuncia que não apenas tememos a catástrofe, mas nos tornamos a catástrofe. Desta
vez, não só para todos os outros, mas também para nós mesmos. ” Seguindo esta trilha de pensamento lógico e
inquestionável, percebemos que, embora a dor da constatação, precisamos
urgentemente questionar o que temos feito a nós e ao mundo que nos cerca, sob
risco de termos mais pesadas dores no campo consciencial, post mortem.
Mas nossos olhares
não podem se voltar apenas para as questões ambientais ou de especifismo. No
campo de nossa própria sociedade existem discrepâncias e atrocidades que não
nascem apenas por conta de má vontade política ou corrupção de governantes, mas
por descaso e omissão do povo.
O que nos pede, então,
o Espiritismo, vivenciado até suas últimas consequências?
Nada diferente do que
já nos pedia Jesus:
a)
Luta incessante contra o Orgulho e o Egoísmo, chagas
vivas no peito da humanidade, causa primeira de todos os nossos males.
b)
Desapego material, percebendo a vida na Terra como
caminho e não como fim último. Desapego emocional, entendendo-nos como irmãos e
não como possuidores uns dos outros. Desapego psíquico, percebendo que a Lei de
impermanência também fala através de nossas próprias vidas, seres em
transformação que somos. Desapego ideológico, revisitando antigas crenças,
alterando-as, sempre que necessário.
c)
Aceitação constante, diante do que a vida se nos
apresenta, buscando melhorar o que for possível, entendendo nossa pequenez
diante da Sabedoria Suprema do Criador.
d)
Confiança nos movimentos da Vida, em seu propósito
didático, evolutivo, amoroso.
e)
Gratidão constante a tudo e a todos, compreendendo que
nos fazemos em sociedade e que somos seres naturais, reconhecendo a questão da
interdependência, trabalhando por um Planeta mais justo e melhor.
f)
Amor, perdão e auxilio a nós mesmos e a todas as
Criaturas que nos cercam.
Se buscarmos realizar
estas poucas questões ao longo de nossas vidas (estas levam a outras,
certamente), com paciência e determinação, estaremos vivendo de acordo com o
que nos propõe o Espiritismo. Não é impossível, embora não seja fácil. Mas é
preciso começar. Não porque a Doutrina nos ensina, mas porque tais ensinamentos
são um valioso caminho de paz e alegrias constantes.
Referências Bibliográficas:
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Trad. Guillon Ribeiro,
43ª ed., Rio de Janeiro, Federação Espírita Brasileira, s.d.
Link para artigo da
jornalista Eliane Brum:
Link para o livro de
Leon Tolstói: “O Reino de Deus Está em Vos”: https://we.riseup.net/assets/160463/1249581-Leon-Tolstoy-O-Reino-De-Deus-Esta-Em-Vos.pdf
Link para o livro
“Introdução `a Filosofia Espírita” de Jose Herculano Pires: http://www.espirito.org.br/portal/download/pdf/introducao-a-filosofia-espirita.pdf
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