Na atualidade, ouvimos, de todos os lados, lamentos sem fim (e de toda ordem). Vejamos:
“Perdi parente para o vírus…”
“Meus negócios não vão bem…a crise nos levará ao caos…”
“Minha saúde ficou abalada…”
“Não suporto mais o isolamento social…”
“Detesto ter aulas online…”
“Como conciliar casa, trabalho, segurança? Sinto-me sem forças..”
“Muito difícil estar em casa com meus familiares…”
“A máscara me sufoca…”
“Chato demais usar álcool a todo momento…”
Etc.
Vale dizer que os lamentos humanos não são de hoje, fruto de uma pandemia, mas sempre estiveram presentes, com ou sem crises humanitárias como a que estamos experienciando.
Por certo os desafios se agigantaram, sabemos.
Por outro lado, temos consciência de que, também as oportunidades estão presentes, a cada dia, como diamantes sagrados a brilharem em cada segundo da existência.
Nunca antes aprendemos tanto e tão rapidamente sobre o uso das tecnologias;
Convocados ao lar, podemos desenvolver melhores pontes de diálogo com todos, além de trabalharmos arestas e conseguirmos (re) aproximações necessárias;
Em nossas casas, a possibilidade de cuidarmos dos ambientes com maior atenção e esmero;
Dada as circunstâncias, maior facilidade para separarmos o real do ilusório, o necessário do supérfluo, o urgente do pueril, o importante do irrelevante, etc.
Oportunidade de internalizar, refletir, meditar sobre si mesmo e também a respeito do que se deve fazer (ou deixar de fazer) no mundo;
Possibilidade de revermos projetos, sonhos, intenções no hoje, curto ou mesmo a médio e longo prazos;
Revisitarmos a filosofia que norteia nossa própria existência (“tenho seguido minha crença ou não?” “Diante dos desafios, como tenho reagido? etc.)
Com sabedoria, já nos perguntava o dito popular: Afinal, queremos achar culpados ou soluções?
Vírus, governos, sistemas, personalidades, egos…
Podemos seguir na caça de muitos dos culpados para nossas mazelas e os encontraremos, por certo. Principalmente a nós mesmos!
Entretanto, muito mais importante e urgente refletirmos sobre possíveis soluções.
E, confiando no bom senso, de inicio já podemos considerar que desânimo e reclamações de nada adiantam.
Aliás, só atrapalham…
No livro O Espírito da Verdade, de autores diversos, psicografia Francisco Cândido Xavier, o Espírito Lameira de Andrade, no texto de título “Provas Decisivas” (cap. 68), nos chama a atenção para essa questão.
Relembra-nos o benfeitor espiritual que, desde os primórdios, todos os grandes vultos da humanidade passaram por provas decisivas, por desafios imensos! Desde Cervantes, - que preso e paralítico de sua mão esquerda, ainda assim deixou um enorme legado à literatura - até o Dr Bezerra de Menezes, que no final de sua encarnação e, apesar de sua situação de intensa miséria material, tornou-se um Grande Apóstolo do Cristo, Lameira desfila exemplos e nos alerta para a realidade de que todos nós, na Terra, somos Espíritos endividados e ignorantes, necessitados de aprendizagens e experiências refazedoras, de todas as matizes e que, em razão disto, não devemos nos deixar vencer pelos obstáculos.
Explica ele que “a resignação humilde, a misturar lágrimas e sorrisos, anseios e ideais, consolações e esperanças, constrói sobre a criatura invisível auréola de glória que se exterioriza em ondas de simpatia e felicidade.”
E, finalizando o belíssimo capítulo, nos aconselha, resoluto: “Quando o carro de tua vida estiver transitando pelo vale da aflição, recorda a paciência e continua trabalhando, confiando e servindo com Jesus.”
Trabalhar, confiar e servir com Jesus…
Seguir no mundo, produzindo bons frutos, seja na profissão, no lar, com os amigos, colegas, etc. Confiar na Vida, em Deus, pois a providência Divina jamais erra da dose, no conteúdo ou no endereço… Seja na taça de vinho ou no cálice de fel, cada qual recebe conforme suas necessidades e forças. Ademais o Pai jamais desampara seus filhos, sabemos.
Por fim, quanto a servir com Jesus, sabemos que, muito distante de nos perdermos em reclamações, precisaremos, de nossa parte, aceitar os desafios com fé e esperança, fazendo pelos outros aquilo que gostaríamos para nós. Levarmos a semente do Reino de Deus ao mundo, a partir do nosso próprio coração, sem negarmo-nos aos sacrifícios, ainda necessários. Aliás, exatamente como nos ensinou o Espírito Emmanuel, no livro Palavras de Vida Eterna (psicografia Francisco Cândido Xavier):
“Nosso primeiro impulso é o de reclamar naquilo que supomos nosso direito; contudo, buscando a palavra do evangelho, surpreendemos a inesquecível advertência do Senhor:
-…”Que te importa a ti? Segue-me tu!”
Claudia Gelernter
claudiagelernter@uol.com.br
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