segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O Nobel da Paz e a vida como ela é.

Que o mundo precisa de paz, não resta dúvida.
Que necessitamos de modelos a serem seguidos, idem.
 
Entretanto, quando o tema é pacifismo, novamente nos damos conta de que nossa cultura nada mais é que um apanhado de curiosidades que nos causam profundo estranhamento. 

Um exemplo: premiamos pessoas por suas ações de paz, entregando a elas um título que leva o nome de um cientista que inventou a dinamite – elemento largamente utilizado para o extermínio de vidas. Sim, sabemos que este mesmo material pode [e deveria] ser destinado apenas ao progresso humano, na construção de estradas e de vias férreas, e certamente era esta a intenção de Alfred Nobel; entretanto, não é a realidade, infelizmente. Daí trago uma pequena sugestão: Que tal alterarmos o título Prêmio Nobel da Paz para o Prêmio Gandhi da Paz? Seria mais coerente. 

Sabemos que o próprio inventor sugeriu que o prêmio fosse entregue "à pessoa que tivesse feito a maior ou melhor ação pela fraternidade entre as nações, pela abolição e redução dos esforços de guerra e pela manutenção e promoção de tratados de paz".

 Pois bem. A partir desta intenção e do próprio caráter do prêmio, passo a analisar alguns outros pontos.

 Primeiro que, se precisamos premiar escassos benfeitores, deve ser porque temos malfeitores em excesso. Se não fosse assim, porque destacá-los?

Todos deveriamos atuar no mundo a partir do paradigma da paz. Trata-se de questão de bom senso e valor indispensável.

Foi por esta linha de pensamento que questionei, por exemplo, a premiação de Chico Xavier, no Brasil. Não é segredo para ninguém que busco seguir as lições deixadas pelo querido Médium brasileiro, por quem nutro imensa ternura e respeito, porém, ver uma ‘competição’ entre Irmã Dulce e Francisco Cândido Xavier, me pareceu mais um contrasenso. Como definir o melhor? Para que destacar os que verdadeiramente são avessos ao destaque? Claro que este tipo de premiação serve muito mais a nós, humanos carentes de Bem no mundo, que para eles. Nós é que precisamos de referenciais, uma vez que nos faltam bússulas internas.
 
Em segundo lugar, o dito prêmio leva ao eleito o valor de 10 milhões de coroas suecas (US$ 1,4 milhões, aproximadamente), o que proporciona ao felizardo a possibilidade de expandira ação pacífica pelo mundo.
Mas nem sempre é assim.  

Surge então, a terceira curiosidade, que me faz pensar sobre o auge do paradoxo nesta premiação. 
 
No ano de 2009, os noruegueses elegeram Barack Obama ao Nobel, por conta de seus esforços pela paz e redução de armamentos. Entretanto, é o próprio New York Times quem denuncia que a era Obama, em verdade, tem sido tão  belicista quanto a fase Bush. A matéria publicada no dia 29 de maio de 2012 denunciou que é ele quem autoriza, pessoalmente, todos os bombardeios no Paquistão, Iêmen, Somália e Afeganistão, explicando que todos os ataques, que são supostamente contra líderes da Al Qaeda e do Talibã, têm consolidado essa nova onda de bombardeios através de aviões não tripulados, conhecidos como Drones. O uso dos aviões sem piloto, substituiu progressivamente, os bombardeamentos da força aérea tradicional, sendo que o presidente dos EUA elogiou, repetidamente, durante a campanha, o recurso a essa nova modalidade criminosa de guerra. Mas esses tais “ataques cirúrgicos” em aldeias do Paquistão, mata milhares de camponeses, como reconhece o próprio jornal americano, numa velada denuncia de que Obama, em verdade, consegue “disfarçar” melhor seus atos de guerra que o presidente anterior. 

Mas não ficamos por aí, pois, após esta premiação ao presidente, a academia decidiu eleger , no ano corrente, a União Européia ao Nobel da Paz. Ou seja, o berço das Duas Grandes Guerras Mundiais foi apontado como sendo modelo de pacificação mundial. O continente que atuou como invasor de novas terras, extraindo riquezas e criando escravaturas sem fim. Notória contradição. 

Tempos atrás, em conversas descontraídas com o Médium Spartaco Ghilardi, em seu apartamento, na cidade de São Paulo, ouvi dele que, por vezes, os Espíritos Superiores nos tecem pequenos elogios não por serem pura realidade, mas com a intenção de que nos tornemos aquilo que eles estão, caridosamente, nos dizendo. 
 

Prefiro pensar que o mesmo anda ocorrendo com o Nobel da Paz.  
 

Vai ver os acadêmicos decidiram utilizar a homenagem milionária como forma de incentivo. Porém, isso não exclui a realidade como ela se mostra. 
 

Oxalá algum dia os verdadeiros homens e mulheres que trabalham pela Paz, possam ser em numero tão extenso que premiá-los seria ação impossível [e desnecessária, claro].  
 

Enquanto isso não acontece, contento-me em saber que Jesus, o maior modelo de Paz no Mundo, esclareceu que não devemos nos preocupar com os reconhecimentos humanos, efêmeros e defeituosos, mas sim com o reconhecimento do Pai Celestial, que, mais que ninguém, sabe dar a cada fenômeno, seu devido valor.




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