Que a tua fé sublime se abastarde...
Abraça a luta e segue para a frente,
Antes que seja tarde”.
Espírito João
Coutinho *
Emmanuel, o orientador
Espiritual de Francisco Cândido Xavier, ditou para o Médium brasileiro a lição
intitulada “A Mestra Divina”, parte do livro “Ceifa De Luz”, do mesmo autor.
Neste belíssimo texto, o Espírito comenta os benefícios causados pela dor
àqueles que compreendem a corrigenda, saindo da experiência, melhorados. Explica que a dor “devolve-nos todos os golpes com que dilaceramos o corpo da vida, para
que não persistamos na grade do erro ou nos cárceres do remorso”. (EMMANUEL,
1979, p. 119) Afirma, ainda, que, a Mestra Divina “aqui corrige, adiante esclarece, além reajusta, mais além aprimora”
(p. 120), explicando, portanto, até onde a Dor pode atuar em nós, caso
permitamos nos favoreça com suas sagradas lições.
Dentro dos postulados
Espíritas, aprendemos que pertencemos, no atual estágio evolutivo, à categoria
de Espíritos Imperfeitos, portanto, incompletos, em muito ignorantes, e, em
muitos casos, ainda maus, essencialmente. Daí a necessidade de residirmos,
temporariamente, em um mundo que reflete nosso estado íntimo, ou seja, em um
planeta classificado como sendo de “provas e expiações”. Tal classificação nos ajuda a entender o caráter da dor que nos atinge, na atualidade.
Podemos ser despertados por ela, a fim de resgatarmos débitos contraídos no passado [tanto remoto como atual], ou ainda para provarmos se já conseguimos desenvolver em nós as virtudes necessárias e possíveis para o momento.
“Não fiz nada para merecer isto! É um absurdo!”, afirmam muitos. Por certo, estes ainda não tomaram consciência de que muito temos a aprender na escola da vida; que aqui estamos na figura de devedores, buscando a regeneração, pelas
vias da reencarnação e que toda experiência difícil nada mais é que oportunidade de aprendizagem. Instrumento perfeito, que serve:
Para uns, na aquisição da paciência.
Para outros, da humildade.
Outros, ainda, da resignação e da fé.
Ou de todas estas virtudes, concomitantemente.
Certo é que a Dor surge
para crescermos. Este é o seu objetivo. O que faremos, com a sua visita, corre
por nossa conta.Outros, ainda, da resignação e da fé.
Ou de todas estas virtudes, concomitantemente.
Diante das adversidades da
vida, podemos buscar o que nos cabe aprender, fazendo o melhor, ou, revoltosos
e indignados, podemos nos rebelar contra Deus, desfazendo-nos em muxoxos
intermináveis e incabíveis.
Viktor Frankl, o eminente
psiquiatra vienense, devido ao fato de ser judeu foi perseguido e preso em
campos de concentração, na Alemanha nazista. A esposa grávida, seus pais e
irmãos pereceram nestes campos. Entretanto, o desafortunado homem sobreviveu e,
estando em situação de completa fragilidade, buscou, acima das dores, um
sentido para seu sofrimento.
Quando conseguiu a
liberdade, lutou por divulgar suas percepções.
Frankl passou a ensinar que o sentido da vida pode ser encontrado por
uma pessoa através de três caminhos:
O primeiro diz respeito ao
exercício de um trabalho que seja importante, ou a realização de um feito, uma
missão, que dependa de seus conhecimentos e de sua ação, e que faça com que a
pessoa se sinta responsável pelo que faz; o segundo caminho é o do amor a uma
pessoa ou a uma causa, uma idéia, o que estabelece uma responsabilidade para
com a pessoa amada ou à causa defendida e, por ultimo, quando diante de um
sofrimento inevitável, assumir uma postura de buscar um significado e utilidade
para a dor, pois através da experiência cada pessoa pode contribuir para a vida
de outras pessoas.
Afirmou ele que “dentro de cada um de nós há celeiros
cheios onde nós armazenamos a colheita da nossa vida. O significado está sempre
lá, como celeiros cheios de valiosas experiências. Quer sejam as ações que
fizemos, ou as coisas que aprendemos, ou o amor que tivemos por alguém, ou o
sofrimento que superamos com coragem e resolução, cada um destes eventos traz
sentido à vida. Realmente, suportar um destino terrível com dignidade e
compaixão pelos outros é algo extraordinário. Dominar seu destino e usar seu sofrimento
para ajudar os outros é o mais alto de todos os significados para mim”. (FRANKL,
1985). Espírito valoroso, soube ouvir
e entender a dor, retirando dela o que tinha de melhor.
No capítulo intitulado “O
Poder do Amor”, do livro “No Mundo Maior”, de André Luiz, Psicografia de
Francisco Cândido Xavier, irmã Cipriana, a devotada tarefeira do Bem, falando
sobre os recursos da Dor, afirma, categoricamente que, “muitos retiram do sofrimento o óleo da paciência, com que acendem a luz
para vencer as próprias trevas, ao passo que outros dele extraem pedras e
acúleos de revolta, com que se despenham na sombra dos precipícios” (LUIZ, 1947
p. 92).
Sentir a dor é
obrigatório. Revoltar-se com ela, é opcional, assim como seguir pelos caminhos
da regeneração, através da paciência e do amor.
Na atualidade, grandes
dificuldades assolam o Planeta. Trata-se do processo de transição, no qual
estamos à mercê de grandes convulsões, sejam de ordem individual, social,
cultural, econômica, política ou geológicas. São as “dores do parto”, anunciadas
profeticamente por Jesus. Dores que nos farão melhores, a fim de podermos
habitar um Planeta também melhorado, física e moralmente.
Portanto, urgente nos
prepararmos intimamente para este momento. Entendermos que no planejamento divino
não cabem equívocos. Que nenhuma dor nos chega na qualidade de carta endereçada
a outra pessoa.
Com esta certeza, teremos
força para ultrapassarmos as ventanias que anunciam a grande tempestade, com os
alicerces do entendimento e do amor.
Logo mais, quando o sol
tornar a brilhar, concedendo-nos seus raios iluminativos e refazedores,
anunciando um novo amanhecer no clima planetário, poderemos, uma vez
melhorados, usufruir da paz que tanto almejamos.
Cabe salientar ainda que,
aqueles que já possuem em si as ferramentas íntimas capazes de darem conta das
adversidades, sem tantos desequilíbrios emocionais, estão munidos de
instrumentos que devem ser utilizados no auxílio aos irmãos por agora
equivocados.
Ainda no livro “Ceifa de Luz”,
agora no capítulo “Desenvolvimento Espiritual”, Emmanuel, falando sobre as
questões de subdesenvolvimento humano, se utiliza da expressão para falar dos subdesenvolvidos espirituais. Comenta
que devemos reconhecer que existe “uma
retaguarda enorme de criaturas empobrecidas de esperança e coragem, não
obstante quase toda ela constituída de companheiros com destaque merecido na
cultura e na prosperidade da Terra” (EMMANUEL, 1979, p. 207) E, indicando
nossa posição diante de tais irmãos, pede-nos para que nos abasteçamos de
suficiente amor para compreendê-los e auxiliá-los, pois se tratam de “amigos chamados a caminhar nas frentes da
evolução, com áreas enormes de influência e possibilidade no trabalho do bem de
todos, mas detentores de escassos recursos no campo do sentimento para
suportarem, com êxito, as crises da época de mudança” (EMMANUEL, 1979, p.
208).
Destacamos que o Espírito
menciona “crises da época de mudança”,
ou seja, fala-nos sobre a transição, por nós citada, e que traz em seu bojo a
marca da dor, na forma de medicamento amargo, porém necessário, tanto para o
despertamento dos que dormem, nas camas do materialismo, como para impulsionar
o desenvolvimento espiritual, tão necessário nestes tempos de pós-modernidade,
nos quais imperam os desregramentos morais de toda ordem.
Tempos difíceis, que nos pede
pratiquemos aquilo que Jesus nos ensinou há 2000 anos: Oração e Vigilância, a
fim de buscarmos forças para darmos conta dos desafios, através do contato com
as esferas mais elevadas da Vida, e, ao mesmo tempo, observando constantemente
nosso íntimo, para que não venhamos a repetir antigos erros.
E, assim como escreveu
Renato Teixeira, na canção “Tocando em Frente”, precisamos ter em mente que “cada um de nós compõe a própria história e
cada ser em si carrega o dom de ser capaz, e ser feliz”.
Avante!
Referências
Bibliográficas:
* Espírito João Coutinho - Do livro: Poetas Redivivos, Médium: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos.
EMMANUEL [Espírito]. Ceifa de Luz. [psicografado por] Francisco Cândido Xavier,
3ª ed. Brasilia, FEB, 1979.
LUIZ, A. [Espírito]: No Mundo Maior, [psicografado por] Francisco
Cândido Xavier, 1947; 26ª ed. 2ª reimpressão, Rio de Janeiro, FEB, 2009.
FRANKL, V. A Descoberta de Um Sentido No Sofrimento,
Entrevista na Africa do Sul, 1985, disponível no Youtube, http://www.youtube.com/watch?v=5cd2KANOJuU
acessado em 11 de setembro de 2011.
___________ Em busca de sentido: um psicólogo no
campo de concentração. Petrópolis: Editora Vozes, 1991.
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