"Senhor, onde houver trevas, que eu leve a luz"
Oração Pela Paz
Embora a Oração pela Paz seja tomada como sendo de autoria de Francisco de Assis, ela surgiu pela primeira vez no ano de 1913, numa pequena revista local da Normandia, na França.
Não fazia referência ao autor, mas o que se sabe é que surgiu como apelo pela paz, em tempos conturbados na Europa, prestes a viver a primeira grande guerra.
Entretanto é notória a similitude com o pensamento do grande expoente espiritual do século XII.
Francisco, o humilde de Jesus, deixou registrado, em cartas aos companheiros, idéias semelhantes à da Oração, onde convocava as pessoas a mais amar que serem amadas, a mais compreender que serem compreendidas e assim por diante. Sabia que a matemática Espiritual tem uma lógica um tanto diferente. Nela, aquele que dá recebe mais, aquele que subtrai de si, soma no Universo, recolhendo, por fim, de sua parte, mais do que depositou no início.
Mas para isso, para doarmos com a plenitude de todo nosso sentimento, é forçoso tenhamos fé nesta contabilidade Divina. Caso contrário, teremos medo e continuaremos nos prendendo nas teias de nosso egoísmo, repetindo em palavras e ações que desejamos (e ordenamos) seja feito primeiro a nossa vontade.
Como abandonar esta postura que nos torna tão miseráveis diante do Todo?
É notório que todos temos grandes dificuldades a transpor durante nossa passagem na Terra.
Uns em forma de provas, de dificuldades que surgem para fortalecimento de lições previamente aprendidas. Outros em forma de expiações, de lutas que visam resgate de erros do passado.
Nenhum ser que habita o Planeta pode alegar felicidade sem mácula. Mesmo os mais otimistas, os mais equilibrados no hoje, em algum momento, seja do passado distante ou recente, precisaram enfrentar longos aprendizados recheados de duvidas, angustias, tormentos. Caminho necessário para os aprendizes da luz.
Já dizia o escritor e teólogo Leonardo Boff que ”só sabe da luz quem conheceu as trevas”, porque se dá conta de que um palito de fósforo aceso pode espantar sozinho todas as trevas de um ambiente.
Fala ainda que existem vários tipos de trevas: a treva dos olhos, quando nos negamos a enxergar a luz que há no mundo a nossa volta, nas outras pessoas, fechando-nos no escuro das próprias dúvidas, dos próprios medos, muita vez infundados; as trevas dos sentidos, quando não conseguimos sentir com o coração, buscando explicar todas as experiências pelo racional, especializando-nos no concreto, no palpável, esquecendo-nos que, como já afirmava Antonie de Saint Exupéry, “O essencial é invisível aos olhos”. Há ainda as trevas do Espírito, quando não conseguimos ouvir a voz de Deus em nossa consciência, quando perdemos a conexão com o Divino que há em nós, momentaneamente entorpecido pelos apelos do mundo.
Seja lá qual for nossa cegueira, só tornaremos a ver quando decidirmos abrir os olhos da alma; quando tivermos os “olhos de ver” comentados por Jesus.
Olhos que percebem no outro o irmão do caminho, na natureza o apoio da experiência, na dor a pedagogia celeste, no amigo o sustentáculo do caminho, na família a oportunidade de crescimento e na espiritualidade a bússola existencial.
Sem a abertura destes olhos, difícil enxergar onde se deve ir; complicado caminhar sem grandes quedas e impossível acender a própria chama que há de iluminar o caminho de tantos outros que cruzarem com o nosso.
Abramos os olhos! Ainda é tempo!
Para isso basta que nos permitamos sentir, ouvir, ver com a alma.
Afinal, o que somos nós senão almas em busca de luz?
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